segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mikhail Baryshnikov


Mikhail Baryshnikov o mito.
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro lotado em uma tarde de domingo.
Não era uma tarde como tantas outras, era a tarde historica quando estava sendo eleita a primeira mulher presidente do Brasil.
Mas independente do que soasse fora do templo centenário, ali todos aguardavam o último grande mito produzido pelo ballet russo. De origem letônica, Baryshnikov fecha um grande ciclo iniciado por Nijinski e intermediado por Nureyev.
As 19 hs adentra um palco vazio e só.
O bailarino faz evoluções que mais parecem exercícios simples, nada de surpreendedor. O espetáculo conta com a participação de Ana Laguna (bailarina de formação não tão clássica a dele) em dueto de uma dança moderna. Contudo antes disso,Baryshnikov interage com sua imagem num telão. Este é o grande momento da noite. Primeiro lugar quantos de nós teríamos a coragem de ver-se num espelho tão distance e confrontar-se com a inexoravel força do tempo. O Gênio tem. Podemos nos maravilhar com o jovem que evolui em piruetas perfeitas sendo contemplado por um senhor de 60 anos que reconhece e assume sua história. Isto é para poucos. A sabedoria de ser hoje um resultado do ontem. Que os anos passados não estão apagados da memória e não proporcionam vergonha ou desconforto no presente.
A noite vale.
Não somente ver o grande bailarino em sua última turnê como um grande ser humano que não nega sua história incorporando-a ao tempo presente.